30.12.10

Shirt Design



O ano de 2010 foi demasiado significativo no que diz respeito aos agitos culturais de que participei ( vide posts anteriores). Nessas oportunidades existe um fluxo incessante de pessoas igualmente ligadas à arte em seus mais instigantes desdobramentos. Bandas de rock, escritores independentes, atuadores cênicos, artistas performáticos, videastas e toda a sorte de interventores nos convidando a atribuir novos significados às coisas para além dos condicionamentos e dos hábitos perceptivos. Em um desses encontros tive contato com o trabalho da banda "Cavalo Baio e Os Pinho" cuja singularíssima proposta de narrar as crônicas desse universo regional caboclo-eslavo-descendente aqui nos confins dos pinheirais sob um revestimento punk rock, rende à quem se aventurar nas noites de rock do Rota da Lua, vulgo "Bar do Robison", grandes gigs da mais genuína diversão. Convidado pelo band leader Thiago para redefinir o logotipo da banda e produzir uma arte para estampar camisetas, mergulhei nesse espectro onírico repleto de imagens referenciais de uma sociedade essencialmente agrícola em meio à franca expansão industrial que a cerca. Elegi a pinha como signo do "fruto da araucária" e atendendo à sugestão do guitarrista Zinho, acondicionei esses elementos em formato de "sagrado coração"- ícone que reúne o sagrado e o pop em uma mesma tensão imagética- aludindo à um registro de vivências comum à essa geração alocada entre as refinarias e os trigais. Do resultado desse exercício de interpretação que se pretendia poético na mesma medida que vigoroso faço meu último post do ano agradecendo a parceria de todos que me acompanharam até aqui e aos que com este modesto sítio de experimentos visuais vierem a colidir favoravelmente em 2011. Big cheers for all mates!

16.12.10

Palestra na Biblioteca Pública do Paraná




Dizer que na tarde deste 9 de Dezembro imperava a atmosfera da improvisação no auditório da Biblioteca Pública, seria superlativo eufemismo. Explico. Não sem antes recorrer à expressão-chave da minha fala durante o Programa I do Projeto Filosofia do Rock (citado em posts anteriores) - Do It Yourself (D.I.Y) ; ou "faça você mesmo"- atitude-elo de identificação similar à todas as gerações da cultura punk desde seu proto-genitor Nova Yorkino nos anos 70. Não havia estudado a pauta. Sequer ignorava que me seria oferecido um horário no programa para que além da exposição de minhas peças,discorresse sobre a relação Artes visuais + Rock'n'roll como elemento integrador de sua estética pop. Confesso que apelei ao estradar auto-etnográfico relembrando a emoção na descoberta de cada capa de LP do Iron Maiden, nos petardos do álbum Creatures of The Night do Kiss em seu pankake mítico. Bem como nas placas tectônicas de advertências disciplinares assinadas em decorrência dos patches do G.B.H e Exploited pintados à tinta têmpera e costurados no púdico uniforme escolar. Em síntese, aquela sensação de apreensão pré-discursiva foi cedendo ao prazer anti-árcade de um divertido colóquio tangendo o universo imagético do Rock a partir da perspectiva do artista. No final prevaleceu um saudosismo sub-melancólico de Denis Arcand* ao constatar que "nada mais será como antes" e que não nos compete esperar das novas gerações que devolvam ao Rock'n'roll seu caráter desconcertante e vertiginoso dada sua absorção sistemática pelo mainstream tão bem mencionado no "The Great of Rock'n'roll Swindle" do Sex Pistols.

Estudo de Caso

fig.1
fig.2


Ao receber o convite do músico e arte-educador Léo Guimarães para desenvolver a logo do Coletivo Feitoria do Linho do Cânhamo ( organismo de pesquisa e promoção do "grande tambor" ou "tambor de sopapo" como é igualmente conhecido este instrumento de percursão presente na raiz histórica do extremo sul do Brasil ), tratei de buscar referenciais de sua própria unidade folclórica. Na variante proposta (fig.1) , desenhei um estilo vetorial que se geometriza assimetricamente possibilitando que o tipograma respire conduzindo-o à uma leitura melhormente arejada. Diferentemente, na proposta escolhida (fig.2) o purismo geométrico cede à pulsão orgânica do traço à giz pastel- conceito fundamental da ilustração- ancestral da concepção moderna de campanha publicitária. Nela, empreedi uma pesquisa formal que me levasse à uma estilização na tentativa de simular o rupestre e o primitivo, simbolizando o aporte de arqueologia social presente na base programática do coletivo.

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